Fundada em 1950 por Celso Colombo, a Piraquê é um exemplo de empresa familiar bem-sucedida. Tanto que, em 2018, foi vendida por R$ 1,55 bilhão. A terceira geração da família se viu diante do desafio de estruturar seu family office (Carpa) e tratar de questões de direito de sucessão.
O case Piraquê foi tema da apresentação de Celso Colombo Neto, fundador da Carpa Family Office, durante o Family Office Summit Brazil 2022, realizado no dia 21 de novembro, em São Paulo. Formando em Economia e com passagem pelo setor financeiro, Neto contou que a qualidade do produto e a construção de uma marca sólida possibilitaram o crescimento da companhia, mesmo diante de um modelo de gestão desafiador.
“Toda pessoa será profissionalmente melhor se souber o suficiente sobre sustentabilidade. Não é necessário ser expert, mas você não pode ser iletrado ou ignorante nessa área.” A afirmação forte, logo na abertura, deu o tom da palestra de Concepción Galdón, diretora do Centro de Inovação Social da IE University (Madri), durante a 4ª edição do Family Office Summit Brazil 2022, realizado dia 21 de novembro, no Hotel Emiliano, em São Paulo, e que reuniu 30 single family offices.
Para a afirmativa inicial deve ser aplicada aos family offices, diante da agenda ESG (Environment, Social and Governance – Meio Ambiente, Sociedade e Governança), um modelo de negócio sustentável que transcende métricas de crescimento e lucratividade, bem como propósitos internamente definidos ou a realização de ações de filantropia. No recorte de gestão empreendedora de negócios, a IE University da Espanha ocupa a 4ª posição mundial no tradicional ranking de escolas de negócios do jornal Financial Times (2022).
Terceira palestrante no Family Office Summit Brazil 2022, a advogada Lavinia Junqueira ressaltou a importância da governança em escritórios familiares para definir a visão, missão e valores que se pretende cultivar e expandir nos negócios e na forma como os familiares se relacionam com a respectiva atividade econômica.
“É importante ter um protocolo familiar, uma definição clara de obrigações de fazer e não fazer que vai direcionar a gestão do negócio. Trata-se de uma base comum para decisões de investimentos e preparação de planos de negócios”, explicou Junqueira.
Ana Andrade Cury é co-fundadora e Diretora Executiva do Fórum da Família Empresária. Ela abriu o FBFE Mulher 2021 e destacou o protagonismo das mulheres nos negócios, na família e em sociedade. O evento conta com a participação de outras herdeiras, acionistas e fundadoras de empresas familiares, além de cientistas, pesquisadoras e consultoras que vão abordar temas relacionados ao empoderamento feminino.
Ana Andrade Cury abriu o FBFE Mulher 2021 citando a filósofa indiana Vandana Shiva. A ativista deixou ensinamentos, que se encaixam muito bem no momento que estamos vivendo. Segundo Shiva, pelo poder, os homens se afastaram da natureza, da família e de si mesmos. As mulheres, ao contrário, voltaram seu olhar ao cuidado com o outro e aos aspectos da natureza humana.
“Assim como o ecofeminismo, a necessidade de compartilhar e colaborar são características fortemente femininas que funcionam como antídoto para a brutalidade do capital. Essa postura se revela fundamental para superarmos o atual momento de crise e incerteza” completa Ana Andrade Cury. Continue lendo
Francine Mendes, economista e mestre em psicanálise, falou no FBFE Mulher 2021. Para ela, muitas mulheres acham que independência financeira é poder comprar ações ou investir em fundos de investimentos no mercado financeiro. Mas, ao contrário, ela compartilha uma regra simples: para começar basta ter disciplina, consciência e paciência.
Francine Mendes diz acreditar que “o primeiro passo é calcular o seu custo mensal de vida e quanto você almeja ganhar. Essa informação é primordial para a definição de objetivos, metas e prazos bem estabelecidos para se chegar à independência financeira”. O segundo passo é ter uma reserva de emergência, que deve ser equivalente a seis meses do seu custo de vida.
“Vamos imaginar um valor hipotético: se você planeja ganhar R$10 mil reais, a reserva de emergência deve ser de no mínimo, R$ 60 mil. Não é aconselhável aplicar esse valor na poupança, em título de capitalização, ou consórcio (que só existe no Brasil). Esses são os piores investimentos”, alerta Francine Mendes.